O Preventivo Ginecológico é Importante?
O exame preventivo tem por finalidade a verificação das células do colo do útero. A morfologia (forma) das células é observada na tentativa de identificar possíveis alterações. Veja, o colo do útero é formado por uma camada mais superficial, chamada epitélio, composta por células escamosas. Metaplasia escamosa indica alteração na morfologia dessas células da camada superficial. Essas alterações podem ter diversas origens, como processos inflamatórios, infecções por microrganismos, etc. Os leucócitos indicam justamente isso. Leucócitos são as células de defesa do organismo e aparecem comumente em processos inflamatórios e infecciosos. As hemácias são células do sangue, que indicam que a porção escamosa do seu cérvix sofreu agressões, ficando mais sensível. Histiócitos indicam inflamação leve a moderada. E a citólise significa que suas células estão "estourando" por algum fator agressivo.
Todas as manifestações inflamatórias e/ou infecciosas do trato genital feminino inferior
Causas:
Agentes infecciososAgentes alérgicosAgentes traumáticosFreqüência elevadaManifestações clínicas desconfortáveisAtividades cotidianasDesempenho sexualAlterações na pele e mucosasfavorecem a contaminação pelo HIV
FLUXO GENITAL
Células descamadasTransudato da parede vaginalMuco cervicalSecreções das gl. vestibularesLíquidos de regiões superiores (endométrio e trompas)Fermentos celularesFlora vaginal (bacilos de Döderlein e flora bacteriana mista): 105 a 106 por grama de secreçãoLeucócitosImunoglobulinaspH ácido (3,5 a 4,5)
Aumento DO FLUXO GENITAL
Aumento da secreção ou da transudação de qualquer porção do trato genital.
CAUSAS
Fisiológicas ( gestação, pico ovulatório, 2ª fase do ciclo; excitação sexual);EctopiaInfecciosas (Trichomonas vaginallis, Gardnerella vaginallis, Candida albicans, etc.)Corpo estranhoProcesso neoplásico
Tabela 1 - FLORA BACTERIANA VAGINAL EM MULHERES NORMAIS
I. Microorganismos Comumente IsoladosStafilococcus epidermidisStreptococcus fecalisLactobacillus spCorynebacterium spE. ColiBacteroides fragilis *Fusobacterium sp *Veillonella sp *Peptococcus sp *Peptostreptococcus sp *
* microorganismos anaeróbios
II.Microorganismos Ocasionalmente Isolados
Stafilococcus aureusStreptococcus sp (Grupo B - b hemolítico)Clostridium perfringens *ProteusKlebsiella
III. Microorganismos Potencialmente Patógenos
PseudomonasStreptococcus pneumoniaeListeria monocitogênica
AMBIENTE VAGINAL CLASSIFICAÇÃO BACTERIOSCÓPICA
PADRÃO I = EQUILÍBRIO DO ECOSSISTEMA90 a 95% de B. de Doderlein;5 a 10% de outras bactérias eausência ou raros polimorfonucleares(PMN)PADRÃO II = DESEQUIL. MODERADO DO ECOSSISTEMA50% de B . de Doderlein;50% de outras bactérias emoderada quantidade de PMNPADRÃO III = DESEQUIL. INTENSO DO ECOSSISTEMAB. de Doderlein praticamente ausentes;quase 100% de outras bactérias ePMN abundantesPADRÃO IV = COMPATÍVEL COM VAGINOSE BACTERIANAB. De Doderlein ausentesProliferação de bactérias aeróbias e anaeróbias (G. Vaginalis)PMN rarosPADRÃO VI - presença de Trichomonas vaginalisPADRÃO VII - presença de fungos. Candida
Infecciosas
Flora bacteriana atípica - vaginose bacteriana - Gardnerella vaginalisProtozoários - Trichomonas vaginalisFungos - Candida albicansCandida glabrata (Torulopsis)Candida tropicalisVírus (HSV, HPV)
Não Infecciosas
Vaginite por corpo estranhoVaginite alérgicaVaginite traumáticaVaginite atrófica
Diagnóstico
ANAMNESEPresença de corrimento, prurido, odor fétidoIrritação vulvarSintomas urináriosAtividade sexualSintomas no parceiro sexualEXAME GINECOLÓGICOCaracterísticas da secreçãoComprometimento de vagina/vulvaExclusão de corpo estranho
COMPLEMENTAÇÃO DIAGNÓSTiCA
Pesquisa do pHExame direto da secreçãoBacterioscopia (Gram)Cultura específicaColpocitologiaColposcopia
VAGINOSE BACTERIANA
40 a 50% das vulvovaginites (Sobel, 1990)Era chamada de vaginite inespecífica.Crescimento atípico da flora vaginal aeróbia e anaeróbia em especial a Gardnerella vaginallis e micoplasmasRedução ou ausência de b. de DoderleinDiferentes grupos etáriosIncidência elevada Û atividade sexualUsuárias de DIUNa gravidez Û corioamnionite, ruprema, endometrite puerperalDIP
VAGINOSE BACTERIANA
Corrimento vaginal homogêneo branco-acinzentado com odor fétido (especialmente após a relação sexual ou no período menstrual)
Teste do pH: maior ou igual 4,5 (52,6%)Teste do KOH (10%) ou das aminas ou WHIFF teste = positivoExame direto: poucos leucócitos, ausência de lactobacilos e a presença de clue-cells (98,2%)
(Critérios diagnósticos de Amsel-1983) CLUE-CELS
VAGINOSE BACTERIANA
TRATAMENTO SISTÊMICO
Tinidazol 2g VO DUSecnidazol 2g VO DUTianfenicol 2,5g VO DUClindamicina 300mg VO 12/12 7 diasMetronidazol 400mg 8/8 7 dias para as recidivas e os insucessosA recidiva é de 30% em 3 mesesTratar parceiros *- casos recidivantesTratar mulheres assintomáticos em pré-operatórioNão ingerir bebidas alcoólicas ( efeito antabuse)
VAGINOSE BACTERIANA
Tratamento local
Isolado - baixa eficáciaCombinado com a via oral nas recidivas ou nas reinfecções na gestação metronidazol, tinidazol,clindamicina : 7diasCorreção adequada dos desvios da flora normal - onde os lactobacilos devem predominarCorreção do pHBacilos acidófilos
TRICOMONÍASE
15 a 20% das vulvovaginites (Sobel,1990)Causada pelo Trichomonas vaginallis protozoário flagelado, anaeróbio, Gram -Incubação: de 3 a 28 dias.
Sintomas:
Secreção vaginal intensa, fétida, bolhosa, cor amarelo-esverdeada,Dor local, dispareuniaIrritação vaginal; pruridoSintomas urinários
TRICOMONÍASE
DIAGNÓSTICOQuadro clínico
Ex. ginecológico: hiperemia multifocal e edema da mucosa cervico-vaginal (aspecto de framboesa)Teste do pH : acima de 4,5
Ex. direto a fresco c/ solução fisiológica (80 a 90%)Bacterioscopia = Gram negativo + numerosos PMNCultura em meio de Diamond (exceção)Colpocitologia oncótica (Papanicolaou)- o TV provoca alterações nas céls escamosas dificultando a avaliação oncóticaPode servir de veículo para outras DST
TRICOMONÍASE
Parasita no exame corado (Giemsa)Protozoário flagelado (4), oval e fusiforme,que mede 10 a 24 micra por 5 a 10 micraAnaerobiose e pH alcalino TRICOMONÍASE TRATAMENTO SISTÊMICOSecnidazol 2g VO DUTinidazol 2g VO DUMetronidazol 800mg /dia / 7 dias para as recidivasNa gravidez - tratar a partir do 2° trimestreNa lactação: tratar com dose única. Suspender a amamentação por 24 horas
Tricomoníase - Tratamento
Tratamento tópico c/ óvulos ou cremes de imidazólicos: coadjuvante no alívio dos sintomasSuspender atividade sexualNão ingerir bebidas alcoólicas (efeito antabuse)Tratar parceiros sempre
CANDIDÍASE
20 a 25% das vulvovaginites (Sobel, 1990)Causada pela Candida albicans em 87% das vezes13% de outras Cândidas: glabrata e tropicalis = mais resistentes ao tto. convencional75% das mulheres = 1 episódio40-50% = 2 episódios5% = candidíase recorrente20% = colonização assintomáticaTransmissão sexual
CANDIDÍASE
São fatores predisponentes:GestaçãoDiabete mellitusUso de antibiótico de largo espectroUso de imunossupressoresACHO (controverso) - altas dosesDoenças crônicas, neoplasias, infecção pelo HIVAlterações imunológicas e reações alérgicas, histamina, PGE2 e IgE, proteínas heat shock
(Giraldo e cols.1999; Sobel,1993)
CANDIDÍASE - DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
Cetoconazol 400mg VO 1x/dia 5 diasItraconazol 200mg VO 12/12h 1 diaFluconazol 150 mg VO DUTratamento tópico: creme, pomada, óvulos - coadjuvante da via oral e preferencial nas gestantesMiconazol,clotrimazol,terconazol,isoconazol por 5 a 7 diasNistatina por 10 a 14 dias
Candidíase - tratamentoRecidivas : tratamento antes ou durante o período menstrual - até 6 mesesItraconazol (400g/sem)Fluconazol (150mg/sem)Tratamento do parceiro*AntialérgicosInibidores de prostaglandinasMas tenha calma. O estadiamento do preventivo é feito de acordo com a extensão das alterações celulares encontradas. Se seu estadiamento foi Metaplasia escamosa você necessita ir ao médico para que ele receite o tratamento mais adequado, geralmente com pomadas cicatrizantes e antimicrobianas. As infecções por HPV ou Herpes possuem alterações bastante específicas, que não foram mencionadas no seu resultado. Visite seu médico com o resultado do exame e não se desespere. Aproximadamente 68% das mulheres sexualmente ativas possuem metaplasia escamosa. Apenas o médico pode lhe dar o diagnóstico correto e prescrever um tratamento.
Fonte/créditos:http://www.portaldeginecologia.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=137
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